Djidja Cardoso: entenda o que representa a ‘Sinhazinha’, o que é ‘Boi Garantido’ e a importância do Festival de Parintins

A morte precoce de Djidja Cardoso, aos 32 anos, em Manaus, comoveu os admiradores de duas agremiações folclóricas que há mais de 50 anos, no mês de junho, realizam uma das maiores manifestações culturais do mundo – o Festival de Parintins -, no interior do Amazonas.

Por cinco anos, Djidja representou a personagem “sinhazinha da fazenda” do Boi Garantido e ficou conhecida pela compromisso e dedicação ao bumbá vermelho e branco. Até mesmo depois de se aposentar da disputa entre Caprichoso e Garantido, ela não deixou de acompanhar o encanto da celebração popular, que cada vez mais vem ganhando notoriedade no país.

Djidja foi encontrada morta no último dia 28. O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) aponta que a morte da ex-sinhazinha foi causada por um edema cerebral que afetou o funcionamento do coração e da respiração.

A principal hipótese da polícia é de que a morte tenha relação com uma overdose de cetamina, substância anestésica que causa efeitos alucinógenos, sensação de bem-estar e tem potencial sedativo quando usado como droga recreativa.

O resultado final da necrópsia e o exame toxicológico devem ficar prontos ainda este mês.

Entenda abaixo os significados dos personagens e a importância da festa:

O Festival de Parintins acontece todos os anos na ilha de Parintins, município localizado na região do baixo Amazonas, distante 369 quilômetros de Manaus e com uma população de mais de 96 mil habitantes, de acordo com dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A festa, considerada Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), é realizada sempre no último final de semana do mês de junho.

Segundo dados da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), o município espera receber cerca de 120 mil turistas para o 57º Festival de Parintins, em 2024, gerando uma média de R$ 150 milhões de receita para o estado.

O boi-bumbá é uma tradição centenária do estado do Amazonas, que surgiu como brincadeira dos caboclos ribeirinhos parintinenses, nos terreiros das casas – como são chamados os quintais no interior do Amazonas -, durante as festividades juninas, sob influência do Bumbá meu boi, do Maranhão, e das festas de folguedo comuns no Nordeste brasileiro.

Porém, ao longo dos seus mais de 100 anos de existência, o boi-bumbá ganhou identidade e elementos próprios, unindo elementos dos povos indígenas, quilombolas e caboclos, tornando-se a representação da rica e encantadora cultura do Amazonas.

A disputa, que acontece no “Bumbódromo”, é feita entre 21 itens oficiais que se apresentam durante os três dias de evento. Os itens são elementos avaliados pelos jurados durante as três noites de festival, como alegorias, torcida, canções (ou ‘toadas’) e personagens – dentre eles, a sinhazinha da fazenda.

Sinhazinha da Fazenda

 

Ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso. — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso. — Foto: Reprodução/Redes Sociais

A sinhazinha é a filha do dono da fazenda, que representa a história branca dentro do auto do boi no Festival Folclórico de Parintins. O auto do boi é a história que embasa o festival. Nele, um empregado da fazenda mata o boi favorito da sinhazinha, filha do dono da fazenda (chamado de amo do boi), para satisfazer o desejo da esposa grávida. A sinhazinha fica desolada e o amo do boi manda matar o empregado, que desesperado, recorre ao pajé, um indígena com poderes de cura, para ressuscitar o boi.

Na disputa do festival, a personagem é representada pelo item 7 que é avaliada no Bloco B, Cênico/Coreográfico, onde jurados analisam beleza, leveza, graça, desenvoltura, simplicidade e alegria.

Djidja defendeu o item de 2016 a 2020, quando se apresentou pela última em uma live solidária que arrecadou doações para os artistas de cada associação folclórica, que na época ficaram sem trabalhar por conta das paralisações causadas pela pandemia da Covid-19. Assista no começo da matéria trechos da última apresentação de Djidja como sinhazinha.

Atualmente, o item é defendido pela modelo Valentina Coimbra, sucessora de Djidja.

Fonte: G1

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