Expedição de montanhistas brasileiros à Cordilheira dos Andes vira série

“Andes Extremo” mostra como trio enfrentou, durante dois meses na pandemia, temperaturas extremas, situações de risco físico e distância de suas redes de apoio.

Andes Extremo é a mais nova produção nacional a chegar ao catálogo do History. Com estreia marcada para esta quinta-feira (4), a série documental acompanha as aventuras vividas por três montanhistas brasileiros experientes Gabriel Tarso, Edson Vandeira e Branca Franco na maior cadeia de montanhas do planeta, a Cordilheira dos Andes.

A produção, dividida em seis episódios, reúne a exploração de seis montanhas desafiadoras: Coropuna (6.425m), Hualca Hualca (6.045m), Yanapaccha (5.460m), Chopicalqui (6.354m), Alpamayo (5.947m) e Huascarán (6.768m).

Dificuldades na missão

Em evento de lançamento, os participantes contam que eles enfrentaram rajadas de vento com 70 km/h, nevascas intensas, paredes verticais com 400 metros de gelo e avalanches. Durante os dois meses de gravação, foram registrados na região três acidentes graves (um deles, em câmera, quando Vandeira foi atingido com um grande pedaço de gelo em suas costelas), uma vítima fatal e dois quadros positivos para Covid-19.

O diretor da série, Wiland Pinsdorf, relata que, justamente por essas dificuldades, este foi o trabalho mais difícil de sua carreira. “Nas montanhas, a temperatura chegava a -20°C, perdemos drone, microfones e câmeras, que congelaram. Quanto mais alto estávamos, menor era a concentração de oxigênio em nossos corpos, o que dificultava o raciocínio e testava todos os nossos limites”.

Apesar disso, ele se diz satisfeito com os resultados obtidos. “Trouxemos à tona questões sobre o montanhismo o porquê das pessoas se arriscarem a perigos reais e, ao mesmo tempo, mergulhamos na cultura e na história andina pré-colombiana, cujas populações subiam essas mesmas montanhas há mais de 1.500 anos”, destaca Pinsdorf.

Conexão com a ancestralidade

Durante a exploração, os montanhistas passaram por diversos locais impactados diretamente pela presença inca, tais como as ruínas da cidade de Mauk’allaqta, nos pés do Coropuna, e altares dedicados aos deuses. O documentário aborda, inclusive, um dos maiores achados arqueológicos da região, a múmia Juanita, uma jovem que foi sacrificada como oferenda no alto do vulcão Ampato.

A religiosidade e o misticismo originado dessas populações pré-colombianas também são constantes na trajetória da série. Em algumas vilas que os montanhistas passaram, as pessoas não falavam espanhol, mas sim línguas originárias como quechua, mantendo vivas tradições milenares da região.

Em respeito à cultura local, os exploradores participaram, junto dos moradores, de rituais e oferendas aos deuses das montanhas para pedir proteção e permissão para subir até os cumes. “O que me guiou durante toda essa experiência foi a conexão com o espiritual. Com respeito e humildade, eu tentei me ligar às pessoas que conhecíamos e à grandeza dessas montanhas, que escancaram a nossa pequenez”, afirma Franco.

Imagens de tirar o fôlego

Série acompanha montanhistas brasileiros em expedição à Cordilheira dos Andes

Além de serem escaladores profissionais, Tarso e Vandeira são fotógrafos e, por isso, participaram ativamente da cinegrafia do documentário. “Estar dos dois lados da câmera foi um desafio à parte, porque são posições muito distintas, ainda mais nas montanhas. Foi uma das experiências mais intensas que eu já vivi até hoje”, descreve Tarso.

As imagens capturadas por eles retratam tanto as dificuldades experienciadas ao longo do caminho quanto as belezas naturais dos Andes. “Chegar no topo é uma sensação inesquecível. Ao contemplar aquela imensidão na nossa frente, é um misto de emoções”, afirma Vandeira. “Lembro que, quando chegamos ao cume da Huascarán, a última montanha escalada, passou um filme pela minha cabeça e resgatei a memória de todas as pessoas e histórias que conhecemos. Fez todo o projeto valer a pena”.

 

 

 

 

 

Fonte: Revista Galileu

Like
Cutir Amei Haha Wow Triste Bravo
1