Filhos da terra

É a onda arrepiando seus cachos
No vento que sopra no espelho das águas transparentes

Os fachos de luz entre árvores
O gorjeio dos pássaros as cores da arara

O rosto caboclo essa raça
Rachando o pé pras delícias da lida

Canoa singrando o rio
Mestiços e índios a passar

A pesca do peixe do dia…mais um dia pra esse povo remar

– Vou já!
Diz a cunhã lá na beira
Baldiando o corpo com água na cuia
Ela cheira a ingá
A flor de laranjeira

São os filhos da terra
De olho d’água
De cacimba
Esperando as estrelas na noite raiar

Conta causos ao redor da fogueira
Tão bonito que faz a gente chorar… De saber que saber era bom

A conquista na terra
A família esmerada
A companhia de casa e os perigos da trilha
De viver as labutas e nunca estar só

São quimeras agora
São detalhes passados
São amores roubados desses filhos da terra pelo lençou do progresso
Que geme e grita nesses ecos lá fora.

Lauro Apolônio

Like
Cutir Amei Haha Wow Triste Bravo